Marquinha de fita: por onde anda a dona de casa que criou negócio na laje, viu Anitta bombar sua técnica e hoje exporta até para a Europa
21/12/2025
(Foto: Reprodução) Marquinha de fita: por onde anda a dona de casa que criou negócio na laje
A trajetória de Érika Romero Martins, conhecida como Érika Bronze, começou na Vila Aliança, comunidade da Zona Norte do Rio, onde ajudava parentes a se bronzear em casa. Hoje, sua técnica ultrapassa fronteiras: o método criado por ela é exportado para países de diferentes continentes, incluindo a Europa.
Com mais de 20 anos de profissão, Érika se tornou referência no bronzeamento com marquinha de fita feito na laje. E a cada verão, com o que começa neste domingo, às 12h03, a demanda explode.
Érika se considera uma empresária de sucesso e gerencia três vertentes do seu negócio:
oferece o serviço de bronzeamento na laje com fita isolante para uma marca bem definida;
vende biquínis no mesmo formato, mas em tecido;
e dá aulas para ensinar a técnica a outras profissionais.
A empreendedora dá aulas para quem quer se tornar bronzeadora e explica que, com seu curso, a pessoa sai pronta para montar sua própria laje.
“Eu tive e tenho bastante alunas, tem bronze espalhado em todo o Brasil, até fora do Brasil, alunas minhas que foram para os Estados Unidos, Colômbia, Portugal. A fitinha explodiu para o mundo todo. Eu gosto de dizer que a Anitta criou uma nova profissão com o clipe, que foi a bronzeadora”, brinca.
'Vai Malandra'
Foi em 2017, quando a cantora Anitta lançou o clipe "Vai Malandra", que Érika viu sua vida mudar, como ela mesma define. Um ano antes, o já tinha sido tema de matérias com seu negócio que, na época, era novidade. Hoje em dia, é comum que se encontrem diversas bronzeadoras, que podem lucrar até milhares por dia.
“Eu não sabia que a Anitta ia mudar minha vida tão intensamente desse jeito como mudou. Ela transformou a minha vida completamente. Hoje tudo o que eu tenho eu posso falar que foi graças ao clipe, que eu fiquei três meses sem ter vaga na minha laje antiga. Uma fita isolante transformou a minha vida e a de outras mulheres, que também foram dona de casa”, destaca.
Imóvel próprio e expansão à vista
Erika Bronze aplicando produto bronzeador em cliente
Gustavo Wanderley/g1
A conquista mais recente de Érika foi comprar um imóvel próprio em Realengo para transformar a laje em um ambiente maior, com capacidade de atender mais clientes ao mesmo tempo, e expandir o espaço de mentoria e vendas.
“Eu era dona de casa e conseguia atender minhas clientes na Vila Aliança ali com meus filhos e passei a ser uma empresária, que monta biquíni, que tem uma loja, que dá mentoria.”
Érika atende hoje cerca de 30 a 40 clientes por sessão e tem planos de expandir a laje, para que o número de atendimentos chegue a 60. Cada marcação custa R$ 70 e dura de 1h a 1h30. Para os próximos meses, ela pretende também aumentar a equipe.
“Eu nasci e cresci na Vila Aliança, mas me apaixonei por Realengo, porque também é um sol pra cada um aqui, igual Bangu. Agora, 11 anos depois, eu consegui mudar meu negócio para a estrada. Então, agora é uma empresária mesmo que inventou um negócio lucrativo, que bombou, e conseguiu sair da favela pra estrada principal”, relata Érika.
O que é a marquinha de fita?
Laje da Erika Bronze
Gustavo Wanderley/g1
A marquinha de fita consiste em um biquíni feito com fita isolante, colada direto na pele da pessoa, que é exposta ao sol por um período curto de tempo, até 1 hora (veja abaixo o dicas de dermatologistas).
O resultado é uma marca mais bem definida.
Em todas as etapas, é necessário que alguém monte o biquíni, organize as clientes nas espreguiçadeiras na laje, entregue água e “regue” quem estiver no sol. Durante o procedimento, é muito importante que elas se mantenham hidratadas e estejam alimentadas, segundo a Érika, para evitar quedas de pressão.
Bronze dá autoestima, dizem clientes
O bronze de fita também é para homens
Gustavo Wanderley/g1
Para quem frequenta o bronze, a resposta é quase unânime: a marquinha perfeita ajuda a elevar a autoestima da mulherada. Não há "corpo ideal" e homens também são aceitos nas lajes.
Patrícia Alves, de 28 anos, conta que passou por um período em que não estava se sentindo bem, e frequentar a laje a ajudou a se recuperar.
"Tinha engordado um pouco, então eu estava me sentindo muito, muito mal. Minha irmã falou para mim: ‘poxa, vamos lá na Érika Bronze para você conhecer’. Eu nunca tinha feito bronze. Dali eu já comecei a me motivar, eu já comecei a fazer outras coisas. ‘Ah, agora eu quero emagrecer, agora eu quero treinar, agora eu quero virar modelo'. A minha autoestima foi lá em cima”, diz a bombeira civil.
Erika Bronze e Larissa Maximiano
Gustavo Wanderley/g1
Para Larissa Maximiano, o bronze já era presente na rotina de cuidados dela. Mas, ela precisou parar de se bronzear dessa forma por um ano depois de engravidar. Dezembro foi o retorno dela à laje.
“Agora eu sou mamãe, ele fez dois meses agora e eu tô voltando. O puerpério é uma fase que a gente fica bem cansada, mas é muito gratificante cuidar de um bebezinho. E o bronze vem para levantar, pra gente se olhar no espelho, tá com uma corzinha, uma marquinha afiada”, afirma a influenciadora digital.
Biquíni de marquinha fake
Com o sucesso, Érika passou a vender biquínis de tecido comum no formato da fita para quem deseja pegar sol na praia sem perder o formato.
“Eu percebi que as meninas queriam pegar sol fora daqui e manter o formato, então passei a vender o biquíni e o produto e foi um negócio que só se fortalecia. Hoje, a gente vai abrir uma loja só pra isso”, explica.
Riscos da exposição ao sol
Mesmo reconhecendo os benefícios para a autoestima e bem-estar, o médico-cirurgião oncológico Felipe Conde, especialista em câncer de pele, ressalta que a exposição prolongada e, principalmente, descuidada ao sol pode trazer malefícios para a saúde e aumentar a chance de câncer.
“Para a gente ter uma cor bonita, uma pele bonita, a gente precisa infelizmente da radiação que vem do sol. Mas essa radiação faz uma alteração na célula, podemos dizer que ela inflama a célula e produz melanina e isso cria a coloração”, explica. “Então, a coloração já vem de uma inflamação causada por um fator externo, que é o sol. O problema é quando isso é um dano contínuo, uma exposição prolongada”.
O médico explica que a longo prazo isso pode causar uma inflamação no DNA, que pode se tornar um câncer. Em um prazo curto, é necessário tomar cuidado com insolação e desidratação também, por exemplo, além de queimaduras na pele.
Alguns cuidados são indispensáveis:
Evitar o horário de maior intensidade do sol, que é entre 10h e 16h;
Manter-se o máximo hidratado, bebendo água ou sucos naturais e evitando bebidas alcoólicas;
Usar camadas generosas de protetor solar, com fator acima de 30 FPS;
E evitar estar exposto diretamente ao sol o tempo inteiro.
Conde explica que a camada ideal de protetor solar é aquela em que se vê a pele com a coloração do produto.
“Não precisa ficar com a pele branca, mas você olha e vê aquela camada mais esbranquiçada. Tem que aplicar pelo menos meia hora antes de ir para o sol e retocar a cada 2 horas”, detalha.
Questionado, o médico explicou que o bronzeamento de fita não é danoso por si só, desde que seja feito com cuidado. A única ressalva é que a pessoa pode ter alergia aos produtos usados para potencializar o bronzeamento, ou ter reação ao contato com a fita isolante.
No entanto, os bronzeamentos artificiais feito em máquinas são completamente danosos à saúde. A prática é proibida desde 2009 no Brasil.
“Ali você tem uma intensidade muito grande da radiação e isso é muito deletério porque é uma carga de radiação muito, muito alta, em um curto espaço de tempo, de forma que acelera todos esses processos inflamatórios”.
Erika Bronze
Gustavo Wanderley/g1